Central WIZO de Londres, entidade por sua vez fundada por Rebecca Sieff e grupo de amigas, chegou ao Brasil. Seu encontro com as senhoras Scylla Schneider, Berta Aizenberg, Gilda Galper, Rebeca Borschiver e outras sionistas, a esta altura já ativas em diversos trabalhos comunitários judaicos que pouco a pouco eram fundados no Rio de Janeiro, tinha o objetivo de incentivá-las à tarefa de difundir a necessidade da colaboração do ishuv fluminense na criação de um Estado Judeu para o povo judeu, e da conscientização feminina da importância de sua colaboração, através de um movimento de mulheres criado na Inglaterra em 1920. Este processo, acabou por dar origem à Organização Feminina WIZO do Rio de Janeiro.
Scylla, uma jovem de 26 anos, acabou por ser escolhida a liderar com suas companheiras os trabalhos, lançando-se com garra e determinação a atrair mulheres que abraçassem a causa, organizassem e participassem das atividades. Rapidamente o impacto deste empenho fez-se sentir também em São Paulo, onde Salomea Blaunsteinfundaria um grupo, e em seguida em demais Estados do país, dando início assim a esta saga atualmente com mais de nove décadas de existência.
A tarefa era árdua: a Primeira Guerra Mundial terminara, trazendo ao Brasil grande número de imigrantes, judeus de origens as mais diversas, focados em sua subsistência e na de suas famílias, preocupados apenas com a construção e organização das comunidades locais. Sionistas havia, mas grande era o número de céticos, de indiferentes à necessidade de uma pátria para o povo judeu. Enfrentando este ambiente desfavorável e inóspito, lançaram-se nossas antepassadas ao trabalho de visitar as mulheres judias da cidade, tentando conscientizá-las, tentando mostrar a todas a importância da WIZO para Eretz Israel , tentando mostrar-lhes que nós mulheres também poderíamos nos responsabilizar por esta empreitada. Nós também tínhamos voz e precisávamos ser ouvidas.
Sem desanimar, continuavam sua campanha e ao fim de um ano, contavam com 200 sócias na nova entidade que acabava de se instalar na cidade e no país. O êxito era relativo, porém a instauração do Estado Novo em 1937, obrigou a interrupção das atividades. Apenas em 1942, com a visita de Mrs. Smiley, representando a WIZO MUNDIAL, a situação consegue ser parcialmente revertida, com a legalização da entidade sob a tutela da Cruz Vermelha Brasileira e sob o nome de "Escudo Vermelho de David".
Sara Donces, uma inglesa que aqui se radicara, assume após uma Assembléia Geral o novo Executivo formado. Sua gestão destaca-se pela criação de diversos subcomitês da entidade por vários bairros da cidade; O Grande Templo era o cenário de importantes reuniões, e parte do trabalho nestes tempos voltava-se para a angariação de fundos, através de vendas de lençóis e outros objetos, ou bandagens, destinados a ajudar os judeus que, na Europa em guerra, sofriam perseguições e pogroms.
Em 1944 Scylla Schneider reassume a presidência da WIZO Rio de Janeiro. Chás, palestras e atividades culturais e artísticas, de caráter beneficente, ajudam a conscientizar a mulher judia de então, da importância de seu papel na comunidade, implantam os ideais sionistas e a necessidade do aprimoramento cultural feminino, além de mantê-las informadas sobre a situação do nosso povo que estava sendo dizimado na Europa. Esses encontros aproximaram muitas mulheres do Sionismo e aumentavam as fileiras da Organização, assim como o número de suas ativistas e sócias que neste ano chegava a mil.
Em 1946 o Escudo Vermelho tornou-se oficialmente a Organização Feminina WIZO do Rio de Janeiro, com estatuto redigido pelo advogado Samuel Malamud. Jovens ativistas, chamadas Chaverot (amigas/companheiras em hebraico) se entusiasmaram com as propostas da entidade e muitas universitárias reuniam-se na então chamada WIZO Juvenil.
1947. 29 de Novembro, a ONU aprovam a Partilha da Palestina! "A Assembleia Geral da ONU concretizou o sonho milenar do povo judeu. O Sionismo de Herzl, iniciado há 50 anos e a luta incansável de seus sucessores alcançou o seu objetivo”, declara emocionada Regina Zimetbaum nesta época à frente dos trabalhos WIZO em nossa cidade. Com a Independência de Israel em 1948, fortificam-se os vínculos entre o Estado de Israel e a WIZO no Brasil e em 1949, quando é realizada a primeira reunião plenária da WIZO MUNDIAL, no recém criado Estado de Israel, Rachel Geiger, do Rio de Janeiro, então secretária geral é enviada como sua Representante Oficial.
A partir de então o trabalho cultural tornou-se cada vez mais rico e seus resultados satisfatórios redundaram em acréscimos não só de associadas, mas de voluntárias, cujos grupos iam sendo formados a esta altura de acordo com os bairros em que residiam as ativistas. Diversos também eram os idiomas falados na época, acompanhavam geralmente os dos países de onde se originavam as componentes de cada grupo.
Nunca será suficiente lembrar o papel de importância desempenhado pela chaverá AhuvaKestelmanzl. Que em muito engrandeceu os quadros da entidade por envolver-se na criação e organização de atividades de palestras, cursos, jornadas culturais e bíblicas, além de seminários cujo valor no crescimento cultural do ser humano é fundamental. Também foi criação sua a formação do Coral Vozes da WIZO, anos a fio dirigido pela professora e acordeonista SarinhaLewkovitzzl.
Seguiram-se a frente da liderança do Executivo da entidade, Sara Finenbergzl, Henny Landau zl, IlseIsaackzl, Rachel Geiger zl.
A esta altura novos tempos emergiam na WIZO RJ. Com a instalação de um segmento AVIV pela WIZO MUNDIAL, uma nova etapa, com maior abertura, abria-se uma estrada para que também a mulher mais jovem, pudesse ingressar na entidade e deste modo desenvolver-se no âmbito da coletividade.
Apoiada pelos grupos mais jovens que pouco a pouco iam sendo formados na entidade, assume Anita Burlázl. Seu trabalho foi sucedido pelo de Ana Marlene Starec, Suzana Grinspan, Silene Balassiano, Lucia Balassiano, Luciana Burlá Cukierman. Em 2022 assumiu a liderança WIZO RIO, Danielle Balassiano Ptak cujo mandato se estenderá por 3 anos de acordo com o estabelecido no Kinus WIZO RJ.
Sem deixar de seguir as orientações dadas pela WIZO MUNDIAL, a WIZO RJ segue em seu trabalho de trazer sionismo, judaísmo, cultura para cada mulher que dela faz parte. Impar no trabalho de estreitamento de laços entre a coletividade judaica e a sociedade maior, é valoroso o modo como esse segmento vem sendo contemplado pela entidade através do trabalho de parceria que é desenvolvido pelas novas gerações de Chaverot cariocas que tornam a entidade cada vez mais respeitada e querida também no meio não judaico. Grande também é o empenho de todos os grupos em prestigiar com apoio e presença o trabalho de todas as entidades que fazem parte da coletividade judaica da cidade, além é claro de manter-se sempre ligada às solicitações e tarefas da Federação Israelita do Rio de Janeiro.
Nos últimos anos temos cooperado com a Fundação Ronald Mcdonald, INCA, doações diversas de próteses para Fundação Laço Rosa, Pestalozzi, Escola Municipal Roma Lido, Obra da Cidade, O Sol, Pró-criança Cardíaca, Escolas Judaicas da Cidade do Rio de Janeiro, Movimentos Sionistas da Juventude Judaica do RJ, Projetos Culturais na Rocinha, Doação de itens no Morro do Borel, Encaminhamento de diversas vítimas das enchentes em Petrópolis,
Atualmente a entidade conta com 713 sócias sendo que 447 são ativistas e 266 colaboradoras. O trabalho é desempenhado por 18 grupos que compõem o Subcentro AhuvaKestelman&Scylla Schneider e 9 grupos que formam o Subcentro Henny Landau. O Centro WIZO RJ conta ainda com um pequeno grupo de voluntárias que se dedicam a divulgação do Estado de Israel na Sociedade Maior através da organização de Concursos Culturais anuais.
Para este ano prepara-se a WIZO RJ por conta da comemoração dos 75 anos do Estado de Israel para um grande número de atividades celebrativas e também a formação de novos grupos para que o trabalho possa ser cada vez mais bem sucedido.